Na recta final de mais um ano lectivo, aqueles que se preparam para deixar a Escola e partir para uma nova etapa académica e/ou profissional dirigem-se à Alameda da Universidade para a tradicional e emocional benção das fitas. É um momento importante, que simboliza muito do sentimento do estudante que se orgulha da Academia cuja fita simboliza.
A todos os que hoje estão na Alameda, em especial aos finalistas da Faculdade de Direito de Lisboa, um abraço amigo e fraterno!
Senhora do Almortão
A Vossa capela cheira
Cheira a Cravos, cheira a rosas
Cheira a flor de laranjeira
Compromissos académicos impedem-me, este ano, de marcar presença na romaria de Nossa Senhora do Almortão, Santa Padroeira de Idanha-a-Nova. Não deixo de estar, contudo, em pensamento, no recinto do Santuário, entre o som dos adufes e de quem entoa a já muito conhecida e tradicional canção.
Quase dez anos após o dia que tudo mudou, em que o ódio, a intolerância e a maldade pura tiveram o seu palco máximo, parte da justiça foi feita. O Mundo livre, atacado nos Estados Unidos, no Reino Unido, em Espanha e um pouco por toda a parte, celebra hoje uma importante vitória contra o fundamentalismo islâmico cujo principal rosto se escondia numa mansão (!) perto da capital do Paquistão (!!!).
Aos Estados Unidos da América e suas forças especiais todo o mundo tem hoje de endereçar os seus agradecimentos. Festejar a morte, seja de quem for, é triste, mas hoje é o dia em que se recordam todas aquelas milhares de vidas que pereceram à custa de ordens directas ou influência deste homem que, há anos, abandonou a sua humanidade.
Importa ter presente que não é a vitória final, mas que este incisivo ataque ao núcleo da barbárie do fundamentalismo seja exemplo e mote para uma campanha mais bem sucedida contra o terrorismo e na construção de um cenário internacional de Paz e prosperidade.
Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus. Muitas vezes, do Palácio, tu nos abençoaste nesta Praça! Hoje nós te pedimos: Santo Padre, abençoa-nos! Amen. (Sua Santidade, o Papa Bento XVI, 1 de Maio de 2011)
Feliz este Domingo da Divina Misericórdia, em que a Igreja ganhou um novo Beato. Que o seu exemplo nos guie nestes tempos conturbados em que os valores do espírito são tantas vezes esquecidos. Celebre-se o 22 de Outubro, dia do Beato João Paulo II, mas celebre-se todos os dias o seu contributo e mensagem, expressos na verdadeira peregrinação que foi a sua vida e, em especial, os anos do seu pontificado.
Vede como vai prosperar o meu Servo: Subirá, elevar-se-á, será exaltado (Isaías)
Este ano a Páscoa é vivida num contexto difícil. As muitas dificuldades que se adivinham deixam-nos preocupados e receosos face ao futuro. Ao futuro de cada um de nós e ao nosso futuro colectivo, como comunidade.
Há que olhar para o dia de amanhã com confiança, com esperança e com vontade. Se nestes momentos é normal sentir alguma angústia, também há que recordar que é nestas alturas que nos superamos.
Que nesta Páscoa sejamos capazes de recarregar forças, baseados no exemplo máximo de sacrifício que são estes dias Santos. Assentes na Fé, na família, no trabalho ou nos amigos, seja o que for, o importante é termos presente que há sempre um amanhã e somos nós que o construímos.
Uma Páscoa Feliz para todos!
A Universidade de Lisboa, minha casa, remonta a datas bem mais distantes que 1911, sendo antiga a discussão sobre a real data da sua fundação. Todavia, tem a data de 22 de Março de 1911 o decreto que cria a instituição que, hoje, celebra o seu centenário.
Escrevo estas linhas depois de assistir a uma bonita cerimónia comemorativa do centenário em que, além da evocação das três classes que formam a Academia (professores, estudantes e funcionários), se homenageou o Prof. Doutor Jorge Miranda, meu antigo professor da Faculdade de Direito, António Lobo Antunes com um doutoramento honoris causa, e se lembrou o contributo de figuras como o Prof. Doutor Orlando Ribeiro. Saí da Aula Magna confortado com as palavras do Reitor sobre a história da instituição e do contributo que o futuro lhe reserva, sensibilizado com a homenagem ao Prof. Jorge Miranda, mas sobretudo motivado pelo discurso do Tiago Gonçalves, presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL), e meu amigo de há muito.
Com efeito, é com imenso orgulho que, neste centenário, olho para os nomes que passaram pelas cátedras das Faculdades da Universidade de Lisboa e por tantos alunos que, de alguma forma, contribuíram para a construção da história do último século português. A iniciativa “100 Lições”, com ilustres antigos alunos, representa muito bem a influência que a Universidade teve nos acontecimentos dos últimos cem anos, através daqueles que nela se formaram.
Por outro lado, a iniciativa “100 Locais” revela as muitas influências que a Universidade teve na cidade de Lisboa: Muitos dos espaços mais significativos a nível científico e cultural são produto da UL.
A isto se acrescenta a óbvia relevância do trabalho científico que ao longo dos anos foi produzido nas unidades que formam a UL.
Neste sentido, é quase lugar-comum afirmar que a Universidade de Lisboa foi o berço de movimentos científicos, culturais, políticos e sociais que moldaram de forma decisiva o Portugal de 2011. Todavia, hoje o paradigma que se impõe é uma nova abertura da Academia. Desta feita, uma mais estreita ligação á sociedade civil e ao mundo empresarial. Ainda nesta linha, durante cem anos formaram-se ilustres personalidades das mais variadas áreas do saber e da intervenção. Hoje, é tempo de chamar a casa aqueles que dela saíram há anos e valorizar o seu papel. Apenas assim, com este novo paradigma, da abertura das portas da Reitoria, conseguiremos assumir os importantes desafios das novas formas de financiamento e, especialmente, da internacionalização.
O peso da história é significativo e recai nos ombros de todos aqueles que leccionam, trabalham e estudam na Universidade de Lisboa. São cem anos que orgulham todos os que têm a honra de estar ligados a esta centenária instituição. Hoje, a UL enfrenta importantes desafios, entre os quais me permito destacar apenas a valorização da investigação, o processo de internacionalização, as novas formas de financiamento, o apoio social aos alunos, os novos institutos, a ligação à sociedade civil ou as condições de trabalho dos docentes. Neste contexto, o horizonte revela caminhos ainda por trilhar e a Academia parte para mais cem anos confortada com o que hoje alcança e com um passado de que se pode orgulhar. Que em Março de 2111, no segundo centenário, a UL possa dizer que os desafios de há cem anos são apenas miragens e que se afirmou, finalmente, como a grande instituição que o país e a Europa esperam e precisam.
Publicado em RGA - Expresso Online
Festival do Azeite e do Fumeiro em Proença-a-Velha
Consegui passar o último fim-de-semana em Idanha e aproveitei para visitar o Festival, que decorreu nos dois dias, na Quinta da Nora, em Proença. Excelente iniciativa. Muito participada e cheia de focos de interesse. Desde as tasquinhas com produtos regionais ao artesanato, passando pela promoção das tradições e etnografia. Um certame que vem crescendo e se está a afirmar, de ano para ano. O espaço começa a ser, de facto, pequeno para os expositores e sobretudo para as pessoas que cada vez mais acorrem para esta iniciativa. Um bom exemplo. Um espaço a aproveitar pelas autarquias. Uma organização a manter.
Centro de Dia em Salvaterra do Extremo
Uma situação complicada que me chegou estar a ser solucionada, por força da eleição dos novos órgãos da Santa Casa da Misericórdia local. Nomes bem conhecidos fazem parte da nova estrutura. Esperemos que tudo corra pelo melhor. Pelo menos começamos com um bom sinal: a reactivação e reestruturação do Centro de Dia, que desenvolve uma importante actividade junto de muitos idosos.
Posto da GNR no Ladoeiro
O encerramento acabou por ficar suspenso. A sua extinção viria a juntar-se ao desaparecimento de escolas e postos de saúde que já começam a ser encerrados no concelho, ao abrigo das políticas de contenção nacionais que, nesta região, apenas intensificam o gravíssimo fenómeno da desertificação. Acompanhemos os próximos desenvolvimentos, na certeza de que já andam polémicas por aí.
Os últimos tempos têm demonstrado que o movimento associativo enfrenta, hoje, um conjunto de desafios de enorme envergadura. Entre tantos, desde as questões de avaliação e acreditação à empregabilidade, assume-se a Acção Social como a causa mor da contestação dos estudantes. E com toda a propriedade, face às perspectivas de saída do sistema de milhares de colegas, que podem abandonar o Ensino Superior, em última análise. A gravidade da situação exige, nestes termos, uma liderança com rumo em cada uma das nossas Escolas e, sobretudo, uma linha de acção a nível nacional. Neste, como em tantos outros aspectos da nossa vida académica nacional.
Neste sentido, a classe dirigente nacional, representativa de todos os estudantes do Ensino Superior precisa de reunir dois pressupostos fundamentais: primeiro, a confiança e mobilização geral das suas academias; segundo, com base no primeiro, a capacidade de contestação e a força política que resulta da união das Escolas na defesa da sua causa.
Todavia, esta tão importante união dos corpos estudantis é colocada em causa, recorrentemente, nos momentos eleitorais vividos em cada Associação Académica ou de Estudantes. É, aliás, natural e saudável que surjam várias visões para as academias. Resulta do confronto dos projectos, normalmente, um relevante panorama de conjunto que só se atinge com o entusiasmo, a motivação e a emoção de uma candidatura. As escolas também precisam disso. Porém, essa normal crispação e competitividade tem o seu lugar e não pode, de forma alguma, ter repercussões na acção política das associações e, através delas, na representatividade estudantil nacional. O movimento associativo, nas instituições e no panorama mais alargado, não pode, em circunstância alguma, estar refém de interesses ou agendas de determinados grupos.
Com efeito, é importante que aqueles que se propõem liderar os destinos das organizações representativas dos estudantes tenham consciência da relevância da união na defesa da causa académica. Há matérias, hoje mais que nunca, que exigem a mobilização de todos e não apenas de alguns. Existe tempo para o debate de ideias e da luta política, mas também existe o tempo de cerrar fileiras. Isto porque, no fim de contas, todos estamos do mesmo lado da barricada. As nossas lutas não são (ou não devem ser) entre a Lista A e a Lista B: estas são tomadas de posição. As nossas lutas são, isso sim, as do financiamento do Ensino Superior, do sistema de Acção Social, do acesso ao mercado de trabalho, da dignificação das instituições cujos estudantes muitos de nós representam, entre tantas outras.
Tudo isto para sublinhar que se os momentos eleitorais nas associações / federações são momentos fundamentais na vivência democrática das instituições, não é menos verdade que o dia seguinte deve ser sempre o da união. Os nossos colegas, mesmo que adversários em determinado momento, não deixam de ser os que nos propomos representar ou os que se nos propõem representar. O sentido de comunidade académica e a consciência institucional devem, sempre e em qualquer circunstância, imperar e sobrepor-se a todo e qualquer interesse sectário.
Os tempos que vivemos requerem do associativismo académico uma afirmação política forte na defesa intransigente dos interesses dos estudantes. Os desafios que a Academia enfrenta são graves e exigem os melhores protagonistas na representatividade estudantil. Mas esses protagonistas apenas alcançarão o sucesso que a todos aproveita com a sua base de apoio unida no mesmo espírito: de abnegação e desprendimento, de autêntica e desinteressada devoção à causa académica e, sobretudo, de efectiva e verdadeira união em torno daquilo que é fundamental.
Publicado em RGA - Expresso Online
... já escrevia a pena do Padre António Vieira.
A tomada de posse de um Presidente da República é um momento de especial solenidade. A cerimónia está programada ao minuto e há regras de protocolo fundamentais. Alguns dirão que é uma questão de forma, mas a forma e o simbolismo têm o seu valor, especialmente em política. Mesmo que as atitudes não representem qualquer mensagem política, não deixam de demonstrar o nível de consideração que os intervenientes sustentam entre si.
Hoje, lamentavelmente, assistimos a uma profunda falta de respeito e consideração pelo Presidente da República. Mário Soares, convidado, não se dignou cumprimentar o Presidente, numa omissão bem representativa de antigos rancores e ressentimentos. Os deputados do Bloco de Esquerda adoptaram a mesma postura, sendo o único grupo parlamentar ausente, numa demonstração clara do respeito que cultivam pelas instituições e pelas escolhas democráticas do povo. A estes juntaram-se muitos deputados do Partido Socialista, num gesto que apenas lhes fica mal, face ao discurso da "cooperação institucional" que tanto gostam de cultivar.
No meio de tudo isto, mais uma vez surge José Sócrates como protagonista. Começou por sorrir (apenas uma vez) durante o discurso, logo no momento em que Cavaco Silva se referiu à juventude. Revelador, não? Mas o mais flagrante foi o total desprezo pela sessão de cumprimentos, a que chegou atrasado por ter estado a falar aos jornalistas.
Tudo isto vale o que vale: pouco. Cavaco Silva tomou posse e fez um discurso memorável, centrado na realidade substantiva do país e assumindo, desde já, a magistratura activa com que se comprometeu. Com elevação. Com educação. Isso, de facto, é o mais importante.
Publicado em Psicolaranja