A Força da Aficion
Tradição e Modernidade de olhos postos no Futuro
A tauromaquia enfrenta, hoje, importantes e decisivos desafios: não de sobrevivência, porque, como tradição que é, assenta a sua existência e sustenta a sua força no espírito e alma portugueses. São, essencialmente, desafios de jovialidade, desafios de firmeza e desafios de modernidade, que se colocam à afición nacional.
Dizia Einstein que “para além das qualidades e aptidões herdadas, são as tradições que fazem de nós aquilo que somos”. É com esta premissa que devemos partir para o debate sobre as ambições e desafios da tauromaquia.
O desafio da jovialidade ou do rejuvenescimento surge-me na praça, quando olho para os que protagonizam o espectáculo e quando olho para o meu lado, no público… Nesse momento, assiste-me um sentimento misto de alegria e desânimo: Alegria por ver em praça jovens cavaleiros que muito dignificam a tradição tauromáquica, renovando técnicas e exaltando emoções; desânimo por ver tão poucos jovens ao meu lado, lá em cima, no público, a vibrar com as lides destes novos talentos.
O desafio está aí mesmo: Rejuvenescer as bancadas! É preciso chegar a novos públicos. O jovem que desconsidera as tradições perde um bocado da sua nacionalidade, mas é Portugal que tem a maior e mais grave perda: de identidade.
Fica o apelo, aos mais jovens: Vão aos touros, porque em praça ganham todos vocês, ganha a tradição, ganha Portugal!
Outro desafio fundamental é o da firmeza: Firmeza na defesa das convicções e das tradições que amamos! Esta temporada começou com uma manifestação anti-tourada em frente ao nosso Campo Pequeno e às quintas-feiras lá tínhamos de ouvir os assobios e os bombos da intolerância e, digo eu, da ignorância.
Sou o primeiro a defender o valor fundamental da tolerância. Defendo-o para os outros e exijo-o para mim próprio: Se aceito que haja quem não aprecie a tradição tauromáquica, acho que tenho autoridade para exigir respeito na vivência de algo que tanto me diz.
Neste sentido, nós, aficionados, enfrentamos o desafio da firmeza. Firmeza em tempos conturbados, em que muitos lutam contra a tradição que nos une na arte e na emoção. Não podemos responder na mesma moeda. Respondamos com o barulhento silêncio da indiferença, mas defendendo veementemente as nossas convicções!
Chegamos ao desafio da modernidade, no fundo a ambição de alcançar um equilíbrio entre algo de tão ancestral como a tourada e os novos desafios da tecnologia e da globalização. Será, porventura, a mais importante das caminhadas.
A televisão, em Portugal, desde cedo começou a acompanhar as temporadas taurinas. Hoje, as famílias, após o jantar, já não se sentam em frente à TV… Hoje o paradigma é o da Internet, esse espaço tão imenso e com tantas oportunidades. E muito de bom já se faz – o sítio toureio.com é bom exemplo – mas é preciso mais, mais e mais. E para além disso, é preciso mais praças adaptadas às novas necessidades. Veja-se o fantástico coliseu de Elvas! As praças não são mais exclusivas dos touros e podem transformar-se, hoje, em importantes pólos culturais, mantendo a base e pilar fundamental da cultura taurina.
Amigos aficionados,
Aqui chegados, conclui-se que há muitos desafios a enfrentar e muitos e diferentes caminhos a trilhar. Mas se nós somos aquilo que as tradições fazem de nós, respeitemos e estejamos à altura da perseverança, da convicção, da firmeza, do respeito, da nacionalidade profunda e da máxima de honra que a tradição tauromáquica nos dá.
Três notas finais… Uma certeza, de que a tradição nunca morrerá e somos nós, ao ir às praças, os responsáveis pela sua sobrevivência; Um apelo, a que nos unamos em torno de algo que agrega tantos portugueses, na defesa de uma alma nacional; Uma esperança, de que estejamos à altura dos desafios que se colocam à tauromaquia, enquanto aficionados, mas principalmente enquanto amantes desta nossa tão querida Pátria.
No fundo, defender a tradição tauromáquica é mais que a defesa de convicções, é honrar e dignificar a história e o futuro do país. É estar, hoje e amanhã, com Portugal!
Publicado em Toureio.com