Vox Patriae

Janeiro 31 2010

A língua é o primeiro momento da cultura, é o mais valioso instrumento do conhecimento e da sua transmissão, é um pilar fundamental da identidade de qualquer Nação.

A língua portuguesa, em particular, constitui-se como um imenso contributo do nosso país à humanidade: Espalhada por todos os continentes e falada por centenas de milhões de pessoas é, porventura, a mais valiosa bandeira da cultura portuguesa no Mundo.

Atentar contra a língua é atacar a cultura, a identidade e a consciência nacional de um país. No nosso caso concreto, atentar contra a língua portuguesa é insultar gerações de génios literários e artísticos, de líderes políticos e sociais e, no fundo, de todo um povo que há novecentos anos vive unido sobre um denominador linguístico comum e que se foi alterando e evoluindo naturalmente. A língua muda quando o povo a altera, em processos longos e sobejamente estudados pelos filólogos e linguístas: Qualquer nomenclatura, definição ou enquadramento académico não é mais que um meio declarativo, descritivo de uma realidade que existe e se altera, por si; Nunca será um processo constitutivo e, tornando-se num, subverte-se e fere-se, porque contrário à natureza das coisas.

 

O acordo ortográfico e a sua aplicação, que se vai alargando, é um dos atentados insustentáveis à língua. Chega a ser, a meu ver, o maior e mais flagrante ataque ao português e, em última análise, à cultura portuguesa.

O português é uma língua universal por si. Não é uniformizando a gramática que se afirma uma língua: O caminho será, isso sim, apostar e valorizar os autores e obras que a elevam e dignificam.

A riqueza da língua portuguesa assenta não só na unidade da sua grafia ou fonia, mas também e com especial relevância nas especificidades nacionais dos países que a tomam como oficial. Lobo Antunes, Agustina, Lídia Jorge, Pepetela, Mia Couto, Agualusa ou Veríssimo... Exemplos de quem escreve (e quem bem que escreve!) num português seu, que tem tanto de universal como de profundamente luso, brasileiro ou africano.

No fundo, o acordo vem trazer o que pretende evitar: o evitável declínio de uma língua que é berço de obras magníficas e pátria cultural de tantos que a elevaram a um patamar artístico ímpar.

 

Vasco Graça Moura é um dos nomes grandes da nossa literatura, figura de proa da luta contra este acordo. Diz-nos ele que lutar contra esta realidade é um acto cívico. Humildemente, para além de assinar por baixo, permito-me acrescentar que não só é um acto de civismo como chega a ser um acto de lealdade e fidelidade a uma identidade que nasce e cresce connosco. Em verdade, defender a língua é estar na linha da frente de uma batalha por algo que une mais que a nossa família, amigos ou patrícios: é dar a cara por um universo de milhões e por algo de tão preciso para a humanidade como é o que há de mais antigo na vida social.

Ainda há tempo! Portugueses, brasileiros, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos, timorenses... Estejamos cientes do desafio que se nos coloca e lutemos por algo que temos de tão comum e, ao mesmo tempo, tão único de todos nós e das nossas pátrias.

publicado por André S. Machado às 21:16

Janeiro 30 2010

 

Eu sou dos que gosta de pensar que o copo está meio cheio, mas com toda a franqueza vou começando a vê-lo esvaziar... Abro os jornais e olho para um desemprego de dois dígitos; Na rádio ouço falar de falência nacional, na grécia e no défice histórico; Na televisão vejo imagens de significativas manifestações das mais variadas classes profissionais; Ligo-me à net e leio que o Conselho de Estado está convocado para debater a situação política nacional.

No meio de tudo isto, pergunto-me como aqui chegámos. Mais que isso questiono-me como os que nos conduziram até aqui ainda lá estão!

 

Não demoro muito a chegar a uma conclusão: Se é verdade que Sócrates e o PS simbolizam esta política falhada, também é inequívoco que algo falhou na oposição.

Sou do entendimento que Manuela Ferreira Leite prestou um serviço notável ao PSD e, sobretudo, ao país. A sua liderança política diferenciou-se pelo carácter, pelos princípios e pelas visões e propostas estratégicas acérrimamente defendidas. O reconhecimento do seu contributo tardará, mas certamente não faltará. "Depois de mim virá quem bem de mim dirá"... Sábias palavras, as do povo.

Todavia, e sem prejuízo para o notável resultado nas europeias e autárquicas, algo de errado se passa no PSD quando não é governo hoje, depois de um mandato falhado como foi o do PS.

 

Aqui chegados, aproximamo-nos de mais umas eleições para a liderança do partido e o muito que já foi escrito por estes lados só será ultrapassado pelo muito mais que se seguirá, tenho a certeza. Também aqui, infelizmente, começo a ver o copo meio vazio e a esvaziar...

Pela profunda admiração, consideração e estima que tenho pelo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa não escondo que gostava de o ver entrar na corrida. Acho, muito francamente, que seria a pessoa mais bem colocada para agregar o partido. Contudo, também não escondo a minha desilusão face às "ponderações de ponderação" e à proposta da solução de unidade ou de candidatura única (num partido como o PSD uma candidatura única chegaria a ser, creio eu, mau sinal). Considero que uma candidatura do professor traria um interessante e útil debate para o seio do partido. Não se tendo concretizado fica esta nota, justificada pela visibilidade que teve todo o processo de "ponderações".

Quanto a Castanheira Barros pouco ou nada posso dizer. Não conheço o seu projecto político e nem sequer tive oportunidade de alguma vez o ouvir.

Pedro Passos Coelho é tema recorrente por estas bandas... Não gostei das suas atitudes durante as campanhas e acho que a lógica de oposição interna, em momento eleitoral crucial, foi um obstáculo significativo à afirmação da actual liderança. No entanto, não destilo o ódio que alguns cultivam perante a figura de Passos Coelho, antes reconheço-lhe a coerência, quanto mais não seja. Partilho, todavia, as reservas de muitos quanto à substância de uma imagem que, sem sombra de dúvidas, Passos conseguiu construir, com mérito.

Quanto a Aguiar-Branco ou Rangel não passam de possibilidades. Sobre estes remeto-me para a lúcida visão do Diogo Agostinho: Um líder é aquele que tem vontade de liderar e que assume a defesa da sua visão e do seu projecto político, independente e livre.

 

Porém, não é só uma questão de liderança que afecta o PSD de hoje. É antes uma questão de substância e de conteúdo programático ou ideológico, como queiram. É também uma questão de afirmação junto da população. É, no fundo, uma questão de identidade.

Claro está que a liderança está intimamente ligada a este desafio: Parte, sobretudo, do líder que surgirá das próximas directas reconstruir essa identidade e, mais importante, aproximar os militantes dessa mesma ideia.

 

O país precisa, hoje mais do que nunca, de uma oposição forte e credível: Uma oposição liderada por quem se assume como a verdadeira alternativa.

Eu continuo a acreditar no PSD e, em especial, nos seus militantes, meus companheiros. Acredito que o copo que hoje vejo meio vazio possa voltar a ver meio cheio. É esta a minha esperança.

 

Publicado em Psicolaranja

publicado por André S. Machado às 02:38

Janeiro 30 2010

Eça de Queirós (25 de Novembro 1845 - 16 de Agosto 1900)

 

Pensar e fumar são duas operações idênticas que consistem em atirar pequenas nuvens ao vento

 

O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência

 

A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação

 

Quem sem descanso apregoa a sua virtude a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser, às vezes, virtuoso

 

Um homem de letras que não escreve as suas memórias tem tem certamente o direito a que outros lhas não escrevam

 

O riso é a mais antiga e temível forma de crítica

 

Para ensinar há uma formalidade a cumprir: saber

 

O melhor espectáculo para o homem será sempre o próprio homem

publicado por André S. Machado às 01:00

Janeiro 23 2010

John F. Kennedy (29 de Maio 1917 - 22 de Novembro 1963)

 

A vitória tem mil pais, mas a derrota é orfã

 

A humanidade tem de acabar com a guerra antes da guerra acabar com a humanidade

 

Quando escrita em chinês a palavra crise compõe-se de dois caracteres. um representa perigo e outro representa oportunidade

 

A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente certamente perderão o futuro

 

A conformidade é o carcereiro da liberdade e o inimigo do crescimento

 

Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti; Pergunta o que tu podes fazer pelo teu país!

publicado por André S. Machado às 01:00

Janeiro 16 2010

Eugénio de Andrade (19 de Janeiro 1923 - 13 de Junho 2005)

 

Nenhum poeta autêntico (a expressão é pleonástica), pode aceitar, como regra de jogo, agradar; pelo contrário

 

O mal é a ausência do homem no homem

 

Uma palavra é como uma nota que procura outras para um acorde perfeito

 

O poeta é incapaz de conter um segredo: acaba sempre por dizer no poema aquilo que queria guardar só para si

 

Foi sempre pelos olhos dos nossos poetas que o português viu mais longe e mais fundo

publicado por André S. Machado às 03:11

Janeiro 15 2010

A interioridade é um dos mais importantes desafios que se colocam a Portugal, nos dias de hoje: Os recursos endógenos económicos e culturais são uma imensa mais-valia para um projecto de desenvolvimento equilibrado do país. No entanto, o desinvestimento e o abandono do interior têm diminuído, de forma preocupante, as oportunidades para os habitantes das localidades mais distantes dos pólos urbanos, sendo que os jovens sentem esses problemas, de forma muito especial. Também aqui, o papel das instituições de ensino superior surge como fundamental.

 

Em que medida são as instituições de ensino superior actores neste verdadeiro combate pelo equilíbrio nacional e, dirão alguns, pela igualdade de oportunidades? Eu diria que actuam numa dupla dimensão: numa primeira, podem constituir-se como pólos dinamizadores de economias locais; numa segunda, adaptando instituições a determinadas realidades locais contribui-se para a repovoação do interior e para o seu consequente desenvolvimento.

 

Ora, as instituições de ensino superior, nomeadamente as que se localizam em áreas do interior como os pólos descentralizados de institutos politécnicos, podem ser centros dinamizadores de economias locais. Uma escola tem alunos e este tipo de instituições, normalmente, reúne pessoas de vários pontos do país. Mais pessoas a precisar de estudar e viver num determinado concelho vão ser mais clientes para o comércio local. Para além disso, ninguém duvida que uma escola potencia, com uma massa de alunos dinâmica e um corpo docente pró-activo, um ambiente académico que reunirá um conjunto de oportunidades para todos os elementos da região onde está inserida a instituição.

 

Noutra perspectiva, a adaptação de cursos e respectivos programas às realidades locais, aproximando os estudantes das regiões onde estudam, criam uma forte tripla ligação aluno – escola – local, que pode resultar em novas empresas e serviços, que dinamizam a economia local e podem empregar jovens formados.

 

Aqui chegados, importa realçar o papel que instituições de ensino superior podem desempenhar no reequilíbrio nacional: Mais que desconcentrar escolas superiores ou faculdades para regiões do interior, o que é importante por si, importa adaptar os seus cursos e programas, para criar uma efectiva ligação da instituição e seus alunos à realidade; Mais que subsidiar empreendimentos megalómanos, importa dotar os jovens dos instrumentos necessários a um espírito empreendedor que se centre nas oportunidades que o interior apresenta; Mais que subsidiar jovens que habitem nos concelhos mais envelhecidos, importa criar condições para que possam desenvolver a sua actividade profissional.

 

A interioridade é uma condição inalterável e se, por um lado, a distância dos pólos urbanos pode constituir uma dificuldade, os recursos e oportunidades que apresentam as regiões do interior são bons motivos para um investimento efectivo nestas áreas tão injustamente esquecidas pelos nossos governantes. Neste sentido, também as instituições de ensino superior têm um importante papel a desempenhar, nos termos que tentei explorar, em cima. É um problema estrutural que exige respostas globais, é certo; esperemos que a Academia não seja esquecida na procura da solução.

 

Publicado em RGA - Expresso Online

publicado por André S. Machado às 13:25

Janeiro 15 2010

 

... o que Sócrates irá dizer no debate quinzenal de amanhã, para o qual escolheu o tema "Ensino Superior".

 

O "contrato de confiança" (?) assinado na passada segunda-feira e duas ou três estatísticas não são a vitória que amanhã, com certeza, será invocada pelo Governo. Muito me espanta, aliás, que se encha a boca de percentagens sobre frequência do ensino e sobre o aumento de diplomados, quando vivemos, hoje, uma realidade bem diferente daquela em que nos querem fazer acreditar.

 

Acção social precária, sublinhada por declarações dos próprios responsáveis; Bolonha às três pancadas em muitas instituições; Um modelo de financiamento de bradar aos céus...

Tanta coisa errada e Sócrates lá vai ao púlpito dizer de sua justiça: ainda bem. Se há coisa que não lhe posso apontar é a falta de coragem, quando se apresenta a defender um governo que vem enterrando as instituições.

 

Se é isto a resposta a uma marcha incrível pelo ensino superior, mobilizada em Novembro passado, que reuniu milhares de estudantes, deixa muito a desejar...

 

Publicado em Psicolaranja

publicado por André S. Machado às 01:26

Janeiro 09 2010

Benjamin Constant (25 de Outubro 1767 - 8 de Dezembro 1830)

 

A maior parte dos homens na política, como em tudo, atribui os resultados das suas imprudências à firmeza dos seus princípios

 

Nós somos criaturas de tal forma volúveis que chegamos a sentir os sentimentos que fingimos

 

Sou demasiado céptico para ser incrédulo

 

A gratidão tem memória curta

 

Os depositários do poder têm uma desagradável propensão para considerar tudo o que se lhes opõe como uma facção. Chegam a incluir, por vezes, a própria nação nessa categoria

publicado por André S. Machado às 03:09

Janeiro 02 2010

Charles de Gaulle (22 de Novembro 1890 - 9 de Novembro 1980)

 

Para os homens ter um guia é tão importante como comer, beber ou dormir

 

Os homens só serão grandes se estiverem decididos a sê-lo

 

Nada faz realçar mais a autoridade que o silêncio: o esplendor dos fortes e refúgio dos fracos

 

Os homens, tão enfadonhos quando se trata de manobras de ambição, são atraentes ao agirem por uma grande causa

 

Nota: esta pequena rúbrica foi interrompida, na passada semana, por ocasião das festas. É retomada, hoje, com este post.

publicado por André S. Machado às 03:09

Janeiro 02 2010

 

2010 é o Ano Europeu da Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.

 

Em boa hora, numa época de crise económica e financeira que é, também, social, foi escolhido este tema para sensibilizar todos os europeus.

Espero que este ano não simbolize apenas a luta, mas lance a sociedade civil num verdadeiro debate sobre as formas de combater o flagelo da pobreza e da fome.

publicado por André S. Machado às 03:04

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