O Conselho de Administração da PT, enquanto rosto daqueles que se opõem à venda da VIVO à Telefónica têm um importante aliado: o Prof. Menezes Cordeiro, presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Apontado por muitos como o maior privatista português da actualidade, o Professor é uma das pedras-chave no meio de toda esta novela que já dura há semanas: É ele que decide quem pode e quem não pode votar; se o Estado utiliza ou não utiliza as suas acções de classe A (as chamadas "golden share"). E quando decide, traz com ele, para além da segurança das suas posições no campo jurídico, um conjunto de pareceres que lhe dão enorme margem de manobra, num terreno que domina como poucos. No fundo, é um dos mais importantes generais, no meio desta guerra pelo controlo da VIVO.
E nisto tudo, Granadeiro e Bava devem-lhe a vitória nesta Assembleia-Geral. A Menezes Cordeiro e ao Estado que optou por accionar as "golden share" e vetar o negócio, que havia sido aprovado por uma significativa maioria dos accionistas presentes na reunião.
Confesso que me custa compreender a ideia de que a decisão do Estado possa influenciar uma decisão que pertence aos accionistas, enquanto detentores do capital da empresa. No entanto, percebe-se a ideia: a VIVO é, talvez, o principal motor de crescimento da PT e perdê-la é perder boa parte do potencial de crescimento da empresa. E uma PT fraca não interessa aos accionistas e não interessa ao Estado português.
Esta decisão é boa para a PT, no sentido em que continua a deter o seu mais importante investimento; mas veio criar cisões significativas entre os accionistas. Esta novela não vai ficar por aqui e, nos entretantos, a PT vai estando parada e vai perdendo valor, no meio de polémicas que teimam em prolongar-se.
Veremos os próximos capítulos, com especial atenção para o que vem de Bruxelas, acerca das Golden Shares...