José Gomes Ferreira, subdirector de informação da SIC e comentador assíduo em matéria de economia e finanças, dizia há dias que um dos factores de desconfiança das agências de rating (sobre isso: aqui) em relação a Portugal residia na fraca escolaridade e na própria mentalidade de trabalho dos portugueses.
Para o efeito usava o teste do Metro: "Em Berlim, Paris ou Londres as pessoas utilizam o tempo que passam no metro para ler livros técnicos; em Portugal, lêem jornais desportivos". De facto, as taxas de retenção e abandono escolar conhecem números preocupantes, em Portugal, que descredibilizam a formação dos quadros e, por essa via, a capacidade produtiva do país. Por isso, muito me espanta ouvir o Primeiro-Ministro declarar essas taxas como um sucesso de que se orgulha: se é facto que os números têm vindo a descer, não é menos verdade que Portugal está a par da Espanha e apenas atrás de Malta, numa União Europeia cuja média é menos de metade dos números que estes países apresentam. E no dia em que o debate sobre o Estado da Nação se centrou em papéis e actualizações, importa recordar que estes dados não são inventados, mas divulgados pelo Eurostat.
No meio de tudo isto, a solução passa por atacar o Ensino Básico e Secundário, encerrando escolas e remodelando os agrupamentos contra professores, pais e alunos; ao mesmo tempo que se excluem milhares de estudantes do Ensino Superior do acesso ao apoio social, através de um Decreto-Lei (DL 702010, de 16 de Junho) verdadeiramente inaceitável, que atenta contra a igualdade de oportunidades no acesso à formação académica superior.
É certo que a mudança de mentalidades, atitudes e comportamentos é um passo fundamental para ultrapassar os tempos difíceis que vivemos. Porém, é o próprio Estado que se demite de dar o exemplo, conhecendo os indicadores e tomando as medidas contrárias ao que se impõe. No fundo, o problema nem é da leitura dos jornais desportivos pelos portugueses; em verdade, o problema está no Governo que parece apenas ler a conhecida obra de Lewis Carroll: Sócra... (ehr) Alice no país das maravilhas.
Para o efeito usava o teste do Metro: "Em Berlim, Paris ou Londres as pessoas utilizam o tempo que passam no metro para ler livros técnicos; em Portugal, lêem jornais desportivos". De facto, as taxas de retenção e abandono escolar conhecem números preocupantes, em Portugal, que descredibilizam a formação dos quadros e, por essa via, a capacidade produtiva do país. Por isso, muito me espanta ouvir o Primeiro-Ministro declarar essas taxas como um sucesso de que se orgulha: se é facto que os números têm vindo a descer, não é menos verdade que Portugal está a par da Espanha e apenas atrás de Malta, numa União Europeia cuja média é menos de metade dos números que estes países apresentam. E no dia em que o debate sobre o Estado da Nação se centrou em papéis e actualizações, importa recordar que estes dados não são inventados, mas divulgados pelo Eurostat.
No meio de tudo isto, a solução passa por atacar o Ensino Básico e Secundário, encerrando escolas e remodelando os agrupamentos contra professores, pais e alunos; ao mesmo tempo que se excluem milhares de estudantes do Ensino Superior do acesso ao apoio social, através de um Decreto-Lei (DL 702010, de 16 de Junho) verdadeiramente inaceitável, que atenta contra a igualdade de oportunidades no acesso à formação académica superior.
É certo que a mudança de mentalidades, atitudes e comportamentos é um passo fundamental para ultrapassar os tempos difíceis que vivemos. Porém, é o próprio Estado que se demite de dar o exemplo, conhecendo os indicadores e tomando as medidas contrárias ao que se impõe. No fundo, o problema nem é da leitura dos jornais desportivos pelos portugueses; em verdade, o problema está no Governo que parece apenas ler a conhecida obra de Lewis Carroll: Sócra... (ehr) Alice no país das maravilhas.
Publicado em Postura de Estado