Este ano não é excepção: repetiu-se a tradição de concessão de indultos presidenciais. Um costume que não consigo entender, ao abrigo do princípio da separação de poderes que vigora em Portugal, por força da Constituição da República e que enforma a democracia de hoje.
É certo que desde algumas polémicas o cuidado foi maior. Este ano foram concedidos apenas seis indultos, dos quais apenas três são restrições totais de uma pena (no caso, de expulsão). Mas a questão é de princípio e a figura do indulto deve estar afastada da magistratura política do Presidente da República.
“De onde vem o uso de queimar um madeiro na noite de Natal, não sei bem dizê-lo, porém, é certo que na vila de Idanha-a-Nova não só se queima publicamente um como às vezes três ou quatro. Três semanas antes, ou um mês, da noite de 24 de Dezembro, vão ao campo buscar o madeiro, que para este fim de semana se acha já cortado, sendo quase sempre escolhido para ele uma das árvores mais corpulentas. Se o carro quebra, ou os bois cansam, vão outros buscá-lo, e por último conseguem trazê-lo com acompanhamento de chulas e descantes até ao sítio em que deve ser queimado, e onde o descarregam, saudando-o nessa ocasião com um prolongado vito! Deste modo deitam mais dois ou três nos adros de diferentes igrejas. chegada a véspera do Natal, logo ao cerrar da noite lhes largam o fogo, e depois começam a malhar neles, a ver quem tira maior lasca, e cada uma que se despede é de novo festejada com um vito! por todos quantos se acham presentes. Dura isto até à missa do galo; e quando esta chega, não só têm lucrado os que, cantando e tocando, a esperam em roda do madeiro, como também os que moram nas casas mais próximas, e vão ou mandam buscar as brasas para se aquecerem, quando vêem que as marteladas as têm espalhado” (Idanha-a-Novas. D. Luísa Maria, no almanaque de Lembranças para 1864, pp. 377 e seg.)
Daqui a poucos minutos parto para Idanha-a-Nova, para as festas. Estas últimas semanas, entre faculdade e tantos outros compromissos, estive afastado destas lides. Conto agora, com mais calma, retomar a escrita.
Se há algo que me faz ter orgulho no Sporting é o seu ecletismo, a aposta nas modalidades, entre tantos outros motivos que nem centenas de posts serviriam para enumerar. Todavia, é inegável que o futebol é a modalidade rainha, por uma questão de cultura nacional e do próprio clube. Aliás, até por uma questão de sustentabilidade financeira o futebol tem de ter lugar de destaque. E sendo o motor de uma estrutura, a crise do futebol do Sporting arrasta consigo toda uma realidade que é bem mais abrangente.
Ontem fui ao Estádio do Bonfim, ver o Sporting ganhar por 3-0 ao Vitória de Setúbal, clube por que tenho também alguma simpatia, natural de quem nasceu na cidade do Sado. Foi um jogo pobre, longe do espectáculo. Ganhou o Sporting, muito bem. Podia ter sido de outra maneira. Não fosse a companhia de um bom grupo de amigos, tinha sido um desperdício de tempo. Não é o "pontapé na crise" que alguns optimistas proclamam.
O futebol no Sporting não precisava desta vitória para contrariar os maus resultados e nem este é o momento que tudo mudará. É certo que a pausa das festas vem em boa altura, para reflectir acerca do descalabro dos últimos meses. Mas era importante reflectir de forma profunda e organizada o Sporting dos próximos anos. Uma estratégia para a década. Mais que reflectir, é preciso mudar. Mudar mesmo.
Sente-se que os sócios têm essa vontade. Eu tenho essa vontade. O Sporting, pela sua tradição, merece essa atenção e essa vontade de arregaçar as mangas e deitar mãos ao trabalho.
Eu, que não sou de prendas e presentinho, gostava que este Natal trouxesse uma nova atitude no clube que tantas alegrias já me deu.
30 anos depois recordam-se os homens, os políticos, os estadistas que foram Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Muitos perguntam-se como seria Portugal se não tivesse existido o fatídico dia 4 de Dezembro de 1980. Outros continuam a debater o crime vs o acidente. Outros, ainda, dissertam sobre o pensamento político de dois homens que marcaram a história do séc. XX português, após a revolução de Abril. O facto é que ainda hoje, trinta anos após a sua morte, Sá Carneiro e Amaro da Costa continuam a povoar o debate político, nem que seja pela esperança que representaram num Portugal que consolidava a democracia e partia para novos desafios.
Neste 4 de Dezembro o mais importante é recordar o exemplo destes dois vultos da história política portuguesa, homenageando a sua memória. No aniversário da sua morte, como de qualquer outra pessoa, o que mais releva é o sentimento de quem com eles teve o privilégio de privar. No fundo, a verdadeira homenagem está em todos os outros dias que não este 4 de Dezembro: está no que cada um de nós pode fazer pelo seu país. Honremos a memória de Sá Carneiro e Amaro da Costa seguindo o seu exemplo de dedicação e sacrifício pela causa nacional.
Adelino Amaro da Costa e Sá Carneiro vivem. Hoje e sempre.