Escreve o Público (Aqui) que pais e professores portugueses reclamam mais apoios para o ensino especial, profundamente alterado pelo último governo. Por vezes, quando se quer alterar qualquer coisa, é responsável dar um passo de cada vez e reformas abruptas resultam, muitas vezes, nisto: Onde se quer promover a igualdade, criam-se desigualdades e, em certos casos, dificuldades sérias de desenvolvimento.
Este assunto é algo que me diz muito, por ter crescido ao lado de muitas crianças deficientes ou com dificuldades educativas sérias, que a minha mãe, pela sua formação académica e actividade profissional teve de acompanhar, num trabalho que conheço e reconheço de enorme esforço, dedicação e paciência.
A escola tem de ser inclusiva, com certeza. Não se compreende como se podem concentrar todas as crianças deficientes num estabelecimento, criando, tantas vezes, graves transtornos aos pais ou encarregados de educação. Não se compreende, também, como estas crianças são tantas vezes acompanhadas por professores sem formação específica que, mesmo com a imensa boa vontade, não estão munidos dos instrumentos necessários para lidar com esta realidade.
Uma verdadeira reforma, inclusiva e promotora da igualdade, deve sublinhar o papel do professor e relevar a sua formação; deve afastar-se de paternalismos bacocos e apostar no trabalho pessoal da criança em conjunto com o seu professor; deve, sobretudo, estar inserida na cada vez mais urgente reforma global do sistema educativo, só conseguida através de uma concertação profunda entre Legislador, professores, alunos, forças sociais e sociedade civil.