Vox Patriae

Abril 05 2011

A Universidade de Lisboa, minha casa, remonta a datas bem mais distantes que 1911, sendo antiga a discussão sobre a real data da sua fundação. Todavia, tem a data de 22 de Março de 1911 o decreto que cria a instituição que, hoje, celebra o seu centenário.

 

Escrevo estas linhas depois de assistir a uma bonita cerimónia comemorativa do centenário em que, além da evocação das três classes que formam a Academia (professores, estudantes e funcionários), se homenageou o Prof. Doutor Jorge Miranda, meu antigo professor da Faculdade de Direito, António Lobo Antunes com um doutoramento honoris causa, e se lembrou o contributo de figuras como o Prof. Doutor Orlando Ribeiro. Saí da Aula Magna confortado com as palavras do Reitor sobre a história da instituição e do contributo que o futuro lhe reserva, sensibilizado com a homenagem ao Prof. Jorge Miranda, mas sobretudo motivado pelo discurso do Tiago Gonçalves, presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL), e meu amigo de há muito.

 

Com efeito, é com imenso orgulho que, neste centenário, olho para os nomes que passaram pelas cátedras das Faculdades da Universidade de Lisboa e por tantos alunos que, de alguma forma, contribuíram para a construção da história do último século português. A iniciativa “100 Lições”, com ilustres antigos alunos, representa muito bem  a influência que a Universidade teve nos acontecimentos dos últimos cem anos, através daqueles que nela se formaram.

Por outro lado, a iniciativa “100 Locais” revela as muitas influências que a Universidade teve na cidade de Lisboa: Muitos dos espaços mais significativos a nível científico e cultural são produto da UL.

A isto se acrescenta a óbvia relevância do trabalho científico que ao longo dos anos foi produzido nas unidades que formam a UL.

 

Neste sentido, é quase lugar-comum afirmar que a Universidade de Lisboa foi o berço de movimentos científicos, culturais, políticos e sociais que moldaram de forma decisiva o Portugal de 2011. Todavia, hoje o paradigma que se impõe é uma nova abertura da Academia. Desta feita, uma mais estreita ligação á sociedade civil e ao mundo empresarial. Ainda nesta linha, durante cem anos formaram-se ilustres personalidades das mais variadas áreas do saber e da intervenção. Hoje, é tempo de chamar a casa aqueles que dela saíram há anos e valorizar o seu papel. Apenas assim, com este novo paradigma, da abertura das portas da Reitoria, conseguiremos assumir os importantes desafios das novas formas de financiamento e, especialmente, da internacionalização.

 

O peso da história é significativo e recai nos ombros de todos aqueles que leccionam, trabalham e estudam na Universidade de Lisboa. São cem anos que orgulham todos os que têm a honra de estar ligados a esta centenária instituição. Hoje, a UL enfrenta importantes desafios, entre os quais me permito destacar apenas a valorização da investigação, o processo de internacionalização, as novas formas de financiamento, o apoio social aos alunos, os novos institutos, a ligação à sociedade civil ou as condições de trabalho dos docentes. Neste contexto, o horizonte revela caminhos ainda por trilhar e a Academia parte para mais cem anos confortada com o que hoje alcança e com um passado de que se pode orgulhar. Que em Março de 2111, no segundo centenário, a UL possa dizer que os desafios de há cem anos são apenas miragens e que se afirmou, finalmente, como a grande instituição que o país e a Europa esperam e precisam.

 

Publicado em RGA - Expresso Online

publicado por André S. Machado às 22:16

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